quarta-feira, 26 de junho de 2013

Cientistas investigam o cérebro dos médiuns durante o transe


Uma pesquisa inédita usa equipamentos de última geração para investigar o cérebro dos médiuns durante o transe. As conclusões surpreendem: ele funciona de modo diferente


Estávamos no mês de julho de 2008. Na Rua 34 da cidade da Filadélfia, nos Estados Unidos, num quarto do Hotel Penn Tower, um grupo seleto de pesquisadores e médiuns preparava-se para algo inédito. Durante dez dias, dez médiuns brasileiros se colocariam à disposição de uma equipe de cientistas do Brasil e dos EUA, que usaria as mais modernas técnicas científicas para investigar a controversa experiência de comunicação com os mortos. Eram médiuns psicógrafos, pessoas que se identificavam como capazes de receber mensagens escritas ditadas por espíritos, seres situados além da palpável matéria que a ciência tão bem reconhece. O cérebro dos médiuns seria vasculhado por equipamentos de alta tecnologia durante o transe mediúnico e fora dele. Os resultados seriam comparados. Como jornalista, fui convidada a acompanhar o experimento. Estava ali, cercada de um grupo de pessoas que acreditam ser capazes de construir pontes com o mundo invisível. Seriam eles, de fato, capazes de tal engenharia?

A produção de exames de neuroimagem (conhecidos como tomografia por emissão de pósitrons) com médiuns psicógrafos em transe é uma experiência pioneira no mundo. Os cientistas Julio Peres, Alexander Moreira-Almeida, Leonardo Caixeta, Frederico Leão e Andrew Newberg, responsáveis pela pesquisa, garantiam o uso de critérios rigorosamente científicos. Punham em jogo o peso e o aval de suas instituições. Eles pertencem às faculdades de medicina da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal de Juiz de Fora, da Universidade Federal de Goiás e da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia. Principal autor
do estudo, o psicólogo clínico e neurocientista Julio Peres, pesquisador do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser), do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, acalentava a ideia de que a experiência espiritual pudesse ser estudada por meio da neuroimagem.

Em frente ao Q.G. dos médiuns no Hotel Penn Tower, o laboratório de pesquisas do Hospital da Universidade da Pensilvânia estava pronto. Lá, o cientista Andrew Newberg e sua equipe aguardavam ansiosos. Médico, diretor de Pesquisa do Jefferson-Myrna Brind Centro de Medicina Integrativa e especialista em neuroimagem de experiências religiosas, Newberg é autor de vários livros, com títulos como Biologia da crença e Princípios de neuroteologia. Suas pesquisas são consideradas uma referência mundial na área. Ele acabou por se tornar figura recorrente nos documentários que tratam de ciência e religião. Meses antes, Newberg escrevera da Universidade da Pensilvânia ao consulado dos EUA, em São Paulo, pedindo que facilitasse a entrada dos médiuns em terras americanas. O consulado foi prestativo e organizou um arquivo especial com os nomes dos médiuns, classificando-o como “Protocolo Paranormal”.

“É conhecido o fato de experiências religiosas afetarem a atividade cerebral. Mas a resposta cerebral à mediunidade, a prática de supostamente estar em comunicação com ou sob o controle do espírito de uma pessoa morta, até então nunca tinha sido investigada”, diz Newberg. Os cientistas queriam investigar se havia alterações específicas na atividade cerebral durante a psicografia. Se houvesse, quais seriam? Os dez médiuns, quatro homens e seis mulheres, participavam do experimento voluntariamente. Foram selecionados no Brasil por meio de uma longa triagem. Entre os pré-requisitos, tinham de ser destros, saudáveis, não ter nenhum tipo de transtorno mental e não usar medicações psiquiátricas. Metade dos voluntários dizia carregar décadas de experiência no “intercâmbio espiritual”. Outros, menos experientes, apenas alguns anos.

Na Filadélfia, antes de a experiência começar, os médiuns passaram por uma fase de familiarização com os procedimentos e o ambiente do hospital onde seriam feitos os exames. O experimento só daria certo se os médiuns estivessem plenamente à vontade. Todos se perguntavam se o transe seria possível tão longe de casa, num hospital em que se podia perguntar se Dr. Gregory House, o personagem de ficção interpretado pelo ator inglês Hugh Laurie, não apareceria ali a qualquer momento.

Numa sala com aviso de perigo, alta radiação, começaram os exames. Por meio do método conhecido pela sigla Spect (Single Photon Emission Computed Tomography, ou Tomografia Computadorizada de Emissão de Fóton Único), mapeou-se a atividade do cérebro por meio do fluxo sanguíneo de cada um dos médiuns durante o transe da psicografia. Como tarefa de controle, o mesmo mapeamento foi realizado novamente, desta vez durante a escrita de um texto original de própria autoria do médium, uma redação sem transe e sem a “cola espiritual”. Os autores do estudo partiam da seguinte hipótese: uma vez que tanto a psicografia como as outras escritas dos médiuns são textos planejados e inteligíveis, as áreas do cérebro associadas à criatividade e ao planejamento seriam recrutadas igualmente nas duas condições. Mas não foi o que aconteceu. Quando o mapeamento cerebral das duas atividades foi comparado, os resultados causaram espanto.

Surpreendentemente, durante a psicografia os cérebros ativaram menos as áreas relacionadas ao planejamento e à criatividade, embora tenham sido produzidos textos mais complexos do que aqueles escritos sem “interferência espiritual”. Para os cientistas, isso seria compatível com a hipótese que os médiuns defendem: a autoria das psicografias não seria deles, mas dos espíritos comunicantes. Os médiuns mais experientes tiveram menor atividade cerebral durante a psicografia, quando comparada à escrita dos outros textos. Isso ocorreu apesar de a estrutura narrativa ser mais complexa nas psicografias que nos outros textos, no que diz respeito a questões gramaticais, como o uso de sujeito, verbo, predicado, capacidade de produzir texto legível, compreensível etc.

Apesar de haver várias semelhanças entre a ativação cerebral dos médiuns estudados e pacientes esquizofrênicos, os resultados deixaram claro também que aqueles voluntários não tinham esquizofrenia ou qualquer outra doença mental. Os cientistas afirmam que a descoberta de ativação da mesma área cerebral sublinha a importância de mais pesquisas para distinguir entre a dissociação (processo em que as ações e os comportamentos fogem da consciência) patológica e não patológica. Entre o que é e o que não é doença, quando alguém se diz tocado por outra entidade. Os médiuns estudados relataram ilusões aparentes, alucinações auditivas, alterações de personalidade e, ainda assim, foram capazes de usar suas experiências mediúnicas para tentar ajudar os outros. Pode haver, portanto, formas saudáveis de dissociação. Uma das conclusões a que os cientistas chegaram é que a mediunidade envolve um tipo de dissociação não patológica, ou não doentia. A mediunidade pode ser uma expressão comum à natureza humana. Essas conclusões, que ÉPOCA antecipa na edição que chegou às bancas na sexta-feira (16), foram divulgadas na revista científica americana Plos One. O estudo Neuroimagem durante o estado de transe: uma contribuição ao estudo da dissociação tem acesso gratuito desde sexta-feira, dia 16, no endereço eletrônico: dx.plos.org/10.1371/journal.pone.0049360.

O maior de todos os psicógrafos
Naquele verão, na Filadélfia, os dez médiuns produziram psicografias espelhadas – escritas de trás para a frente –, redigiram em línguas que não dominavam bem, descreveram corretamente ancestrais dos cientistas que os próprios pesquisadores diziam desconhecer, entre outras tantas histórias. Convivendo com eles naquele experimento, colhendo suas histórias, ouvindo os dramas e prazeres de viver entre dois mundos, encontrei diferentes biografias. Todos eles compartilham, porém, a crença de que aquilo que veem e ouvem é, de fato, algo real. Outro ponto em comum: todos nutriam enorme respeito por Chico Xavier, considerado o modelo de excelência da prática psicográfica.

Mineiro de família pobre, fala mansa e sorriso tímido, Chico Xavier recebeu apenas o ensino básico. Isso não o impediu de publicar mais de 400 livros, alguns em dez idiomas diferentes, cobrindo variados gêneros literários e amplas áreas do conhecimento. Ao final da vida, vendera cerca de 40 milhões de exemplares, cujos direitos autorais foram doados. Psicografou por sete décadas. Nenhum tipo de fraude foi comprovada. Isso não significa que seus feitos mediúnicos sejam absoluta unanimidade. Há controvérsias. O pesquisador Alexandre Caroli Rocha, doutor em teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), chegou a conclusões que parecem favorecer a hipótese de que Chico fosse mesmo uma grande e sintonizada antena. Em seu mestrado, ele analisou o primeiro livro publicado pelo médium,Parnaso de além-túmulo, que trazia 259 poemas atribuídos a 83 autores já mortos.

Seu estudo considerou os aspectos estilísticos, formais e interpretativos dos poemas e concluiu que a antologia não era um produto de imitação literária simples. Rocha descobriu, por exemplo, que Guerra Junqueiro (1850-1923), um dos autores mortos, assinava a continuação de um poema inacabado em vida. Não havia indício de que Chico tivesse tido acesso ao poema antes de psicografar sua continuação. No doutorado, Rocha concluiu que Chico reproduzia perfeitamente o estilo do popular escritor Humberto de Campos (1886-1934). Nos textos que saíam da ponta de seu lápis havia, segundo Rocha, um estilo intrincado e sofisticado, detectável apenas por aqueles que conhecem bem como Humberto de Campos funciona. Muitos dos textos atribuídos a Campos continham informações que estavam fora do domínio público. Encerradas num diário secreto, tais informações só foram reveladas 20 anos depois da morte de Campos e do início da produção mediúnica de Chico.

A ciência pode desvendar a natureza da alma?
“Se eu pudesse recomeçar minha vida, deixaria de lado tudo o que fiz, para estudar a paranormalidade.” Essa confissão de Sigmund Freud a seu biógrafo oficial, Ernest Jones, marca um dos capítulos pouco conhecidos da história do pensamento humano. Pouca gente sabe também que muitas das teorias reconhecidas hoje pela ciência sobre o inconsciente e a histeria baseiam-se em trabalhos de pesquisadores que se dedicaram ao estudo da mediunidade. Talvez menos gente saiba que Marie Curie, a primeira cientista a ganhar dois prêmios Nobel, e seu marido, Pierre Curie, também Nobel, dedicaram espaço em suas atribuladas agendas ao estudo de médiuns. No Instituto de Metapsíquica em Paris, no início do século passado, Madame Curie inquiriu com seus assombrados olhos azuis a médium de efeitos físicos Eusapia Palladino. O casal Curie supôs que os segredos da radioatividade poderiam ser revelados por meio de uma fonte de energia espiritual. Quem seria capaz de imaginar isso hoje?

Outros cientistas laureados com o Nobel consagraram parte de sua vida buscando respostas para os mistérios da alma e a possibilidade de comunicação com os mortos. Pesquisas que hoje seriam consideradas assombrosas, como materialização de espíritos, movimentação de objetos à distância, levitação etc., foram realizadas na passagem entre os séculos XIX e XX. Houve forte oposição materialista. Experimentos frustrados e a comprovação de fraude de alguns médiuns lançaram um manto de ceticismo e silêncio sobre o tema. Essa linha de pesquisa entrou em crise. Experimentos com mediunidade aos poucos se tornaram uma mácula nos currículos oficiais dos eminentes cientistas. E a ciência moderna acabou por condenar ao esquecimento inúmeras pesquisas científicas sobre o assunto, algumas rigorosas. Enquanto o cinema, a TV e a literatura cada vez se apropriam mais das questões do espírito, a ciência dominante tem torcido o nariz e deixado essas reflexões fora de seu campo.

A questão tem sido esquecida, mas não totalmente. Apesar de ainda tímidas, pesquisas científicas sobre comunicações mediúnicas, como a da Filadélfia, têm sido realizadas recentemente. Basicamente, encontraram que, além de fenômenos que revelam fraude proposital ou inconsciente do médium, há muito a explicar. Muita coisa não cabe dentro do discurso que prevalece hoje na ciência. Pesquisadores da área acreditam que a telepatia do médium com o consciente ou o inconsciente daquele que deseja uma comunicação espiritual não explica psicografias nas quais se revelam informações desconhecidas das pessoas que o procuram.

Muitas informações fornecidas por médiuns, dizem eles, se confirmaram verdadeiras só mais tarde, após pesquisa sobre o morto. Como pensar então em telepatia se só o morto detinha as informações? Seria possível a ideia de comunicação direta com os mortos? Alguns cientistas que estudam as percepções mediúnicas discordam dessa hipótese. Acreditam que é possível não haver limite de espaço e tempo para percepções mediúnicas. O médium poderia andar para a frente e para trás no tempo e no espaço, coletando as informações que desejasse, quando e onde elas estivessem. Num fenômeno em que comprovadamente não houvesse fraude ou sugestão inconsciente, sobrariam apenas duas hipóteses: ou haveria a capacidade do médium de captar informações em outro espaço e tempo; ou existiria mesmo a capacidade de comunicação entre o médium e o espírito de um morto.

Atuais referências no estudo científico de fenômenos tidos como espirituais, cientistas como Robert Cloninger, Mario Beauregard, Erlendur Haraldsson, Stuart Hameroff e Peter Fenwick aplaudem a iniciativa de Julio Peres em seu estudo. Esse neurocientista brasileiro, que tem colhido apoio em seus pares, afirma que seus achados “compõem um conjunto de dados interessantes para a compreensão da mente e merecem futuras investigações, tanto em termos de replicação como de hipóteses explicativas”. Outro coautor do estudo, o psiquiatra Frederico Camelo Leão, coordenador do Proser, defende mais estudos acerca das experiências tidas como espirituais. “O impacto das pesquisas despertará a comunidade científica para como esse desafio tem sido negligenciado”, diz.

O pesquisador Alexander Moreira-Almeida, coautor do estudo e diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes), da Universidade Federal de Juiz de Fora, é o principal responsável por colocar o Brasil em destaque nessa área no cenário internacional. Moreira-Almeida recebeu o Prêmio Top Ten Cited, como o primeiro autor do artigo mais citado na Revista Brasileira de Psiquiatria, com Francisco Lotufo Neto e Harold G Koenig. É editor do livro Exploring frontiers of the mind-brain relantionship (Explorando as fronteiras da relação mente-cérebro, em tradução livre), pela reputada editora científica Springer.

Ele afirma que a alma, ou como prefere dizer, a personalidade ou a mente, está intimamente ligada ao cérebro, mas pode ser algo além dele. Para esse psiquiatra fluminense, pesquisas sobre experiências espirituais, como a mediunidade, são importantes para entendermos a mente e testarmos a hipótese materialista de que a personalidade seja um simples produto do cérebro. Moreira-Almeida lembra que Galileu e Darwin só puderam revolucionar a ciência porque passaram a analisar fenômenos que antes não eram considerados. “O materialismo é uma hipótese, não é ainda um fato cientificamente comprovado, como muitos acreditam”, diz Moreira-Almeida.

Apesar de todos os avanços da ciência materialista, a humanidade continua aceitando as dimensões espirituais. Dados do World Values Survey revelam que a maioria da população mundial acredita na vida após a morte. Em todo o planeta, um número expressivo de pessoas declara ter se sentido em contato com mortos: são 24% dos franceses, 34% dos italianos, 26% dos britânicos, 30% dos americanos e 28% dos alemães. Não há dúvida de que o materialismo científico foi instrumento de enorme progresso para a humanidade. A dúvida é se ele, sozinho, seria capaz de explicar toda a experiência humana. Para a maioria da população, a visão materialista parece deixar um vazio atrás de si. Na busca de respostas para nossas principais questões, muitos assinariam embaixo da frase de Albert Einstein: o homem que não tem os olhos abertos para o mistério passará pela vida sem ver nada.


Fonte : Epoca - GLOBO

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Assentamento de Orixá



Assentamento de Orixá

Mensagem do Pai Benedito

Na carne este nego procurou muito os Orixás pela vida, por entre as coisas da Terra, minha Yá tinha ensinado que os Orixás estavam na Natureza, mas como eu não fugia à regra geral, entendia que essa natureza seria o plano físico da arvore, mata, água, fogo, *risos. Como que se eu tendo um pouco da água eu teria “aprisionado” o Orixá. Entendi já aqui no mundo espiritual fio que Orixá não está fora de nós, mas encontra-se dentro. Ele extrapola nossos poros e nos toma por inteiro quando entendemos e reconhecemos isso. Fio, Orixá é a essência de tudo o que você vê, escuta e sente, está muito além destes parcos sentidos humanos e muitíssimo além da nossa razão humana. Mesmo este velho tentando explicar Orixá, cometo um erro, pois sei meu fio, que Orixá não se explica, se sente. Mas como já disse, precisamos criar formas, então fio, que a sua forma seja a mais próxima do abstrato e do sutil, porque assim talvez esteja próximo do que seja Orixá. Por isso meu fio não se apegue tanto às formas de como cultuam ou assentam os Orixás, principalmente quando lhe ensinam métodos que não encontra aceitação no seu coração. Os Orixás falam ao coração, intonce é ele que você deve escutar para saber como encontrará os Orixás. Se, por exemplo, você qué assentar um Orixá das matas, vá numa mata, sinta o cheiro das folhas, toque elas, converse com o Orixá, cante, dance, colha as folha, cipó, raízes, terra, vai pegando um pouquinho do que tem lá, porque isso simboliza o tal Orixá fragmentado na natureza, com isso monte um espaço onde colocará isso e lá você reza pro tal Orixá. Entendeu meu fio?

Casos na Umbanda - 4

Pai Jerônimo

“Um certo dia, ele atendeu de uma senhora que lhe veio consultar sobre um tumor nos seios, diagnosticado por uma mamografia.
Passes daqui, trabalhos dali, enfim, uma consulta normal…vela, erva, água…
Disse o preto:
- É mizim fia… Tá feito…mas num deixa de procurá o Homi de branco, dispois vem contá pro nego…nego vai ficá no toco esperando zunce vortá…
E saiu a consulente.
Numa próxima gira, estava lá o preto no toco e chegou a sua consulente, já na segunda parte do trabalho.
- Podi entrá mi zim fia, tava le esperano….
- É meu Velho, fui no médico sim… ele disse que o tumor sumiu, vai ver foi engano, o que a mamografia mostrou foi uma sombra de um queloide, que eu já tinha de cirurgia anterior. mas vim lhe agradecer, pois sei que o Senhor me curou..
Diga, meu Pai, o que o Senhor quer de presente, quero lhe agradecer…
Em nossa casa, as entidades as vezes ganham presentes, charutos, bebidas, mas não que peçam, porque as pessoas trazem em agradecimento mesmo, como deve ser em todo lugar.
Mas naquele dia o preto pediu…
- Me traga um bolo de chocolate, mi zi fia, suncê pode faze isso…?? Mais tem qui ser na próxima gira… eu num vô tá aqui, mas fala com o caboclo chefe que ele manda mi chamá….
Todos estranharam, e eu mais ainda, passei a semana pensando naquele pedido, eu que amo bolo de chocolate, pensava comigo, Meu Velho… porque um bolo, Meu Pai… Até os filhos da casa acharam estranho e houve uma brincadeira ou outra… do tipo achando que iam comer o bolo….Alguém arriscou dizer que era a comemoração pela cura da mulher… Enfim… esperei ansiosa… Afinal… confio neles.
Em verdade torci para a mulher nem aparecer com aquele bolo…
Mas ela apareceu, e sentou na primeira fila, como tal bolo, todo confeitado de confetes coloridos.
Chegou o preto, com autorização do chefe do terreiro, que é Seu Serra Negra….
- Trouxe meu bolo, mi zim fia…
- Trouxe meu velho…
Então o preto levantou e disse que na assistência tinha uma menina, de cor morena, que estava fazendo aniversario, 14 anos, e chamou-a.
Disse à menina:
- Mi zim fia, esse é presente que sunce pediu ao seu anjo da guarda, ele não pode vir, mandou o nego te entregar…
A criança marejou os olhos e saiu com o bolo na mão, sentar ao lado da mãe, que chorava muito na assistência. Em 14 anos, nunca havia ganhado um bolo de chocolate….Nunca mais voltou, nunca mais vimos. E nunca esquecemos esta história.”

Casos na Umbanda - 3

Consulta com Preto-Velho

O atendimento da noite agora encerrava naquela terreiro de Umbanda.

Alguns dos pretos velhos que haviam trabalhado, desligavam-se de seus aparelhos, não sem antes equilibrá-los com energias edificantes e benfazejas.

Um dos médiuns, após, praticamente “despachar” seu protetor, apressou-se em ajoelhar-se aos pés da preta velha que ainda permanecia incorporada, para solicitar aconselhamento.
O bondoso espírito acolheu amorosamente suas lamentações como o fez com todos os outros que haviam passado por ela naquela noite.

Ouviu a tudo fumegando seu cachimbo, porém nada falou. Saravou aquele filho, agradecendo- o pela caridade que havia prestado e assim se despediu, largando seu aparelho.

O médium por sua vez, desajeitadamente se retirou sem conseguir entender o silêncio da Preta Velha. Um misto de rejeição e indignação passou a povoar seus sentimentos.

- “Então é assim! Eu fico fazendo caridade por horas a fio e quando solicito ajuda o que recebo?”
Enquanto a corrente mediúnica realizava as preces de encerramento da sessão, ele sentiu uma inexplicável sonolência que o obrigou a dirigir-se diretamente para casa, ignorando o programa prévio de sair com os amigos para mais uma noitada de lazer em bares da cidade.

Mal adormeceu, em corpo astral, através do desdobramento, percebeu estar ajoelhado sobre folhas verdes e cheirosas num ambiente simples, cujas paredes eram feitas de bambu, o teto de folhas de coqueiro e o chão de terra batida.

Algumas tochas iluminavam o local e havia uma cantiga no ar que ele bem conhecia. Sentindo a presença de alguém, virou-se e o viu sentado em seu tosco banco com aquele sorriso matreiro e cachimbo no canto da boca. Sua roupa, bem como seus cabelos brancos contrastavam com a pele negra. Os pés descalços e calejados. No pescoço um rosário cujas contas eram pura luz. Sim, era ele, Pai Benedito, seu protetor.
- Saravá zin fio!
- Saravá meu Pai!
- Pai Benedito chamou o filho até sua tenda para poder explicar tudo aquilo que você não conseguiu entender com a orientação da mana lá no terreiro da terra.
- Meu Pai, ela nada falou…
- E suncê se magoou, não foi?
- -É… não compreendi.. .
- Por isso Pai Benedito o trouxe até aqui e vai explicar. Os filhos da terra ainda não conseguem compreender a mensagem do silêncio devido as suas mentes aceleradas pelo imediatismo, pela
falta de concentração e pelo vício de “receitas prontas”. A mana que nada disse ao filho, agiu assim justamente para incentivar a sua busca das respostas. Queria que o filho, instigado pela falta do
aconselhamento a que vinha se acostumando, pudesse parar e pensar. Pensar em todos os conselhos que seu protetor, através de seu aparelho, havia passado para as pessoas que atendera lá no terreiro há momentos atrás.

O silêncio da preta velha, quis dizer ao filho que o primeiro e maior beneficiado da abençoada tarefa mediúnica é o próprio mediador. A sua característica de médium consciente permite que receba e transmita os nossos pensamentos e os bons fluídos dos quais se torna canal. Para que o intercâmbio “médium-espírito” aconteça, pela bondade divina , o corpo astral do mediador é previamente preparado antes de reencarnar através da “sensibilização fluido- mediúnico” de seus centros de forças para que assim se dê a afinização com seus protetores.

Durante toda a vida encarnada, é ainda alertado e amparado para que possa exercer o mandato dentro do programado. No entanto, existe um carma envolvendo tudo isso e o fato dos filhos prestarem a caridade não os isenta dos entrechoques a que estão sujeitos na matéria, que nada mais são do que ensinamentos necessários do certo e do errado.

Respeitando as escolhas feitas, esses protetores tantas vezes, mesmo e apesar de todo esforço, perdem seus pupilos para os descaminhos da vida, e então resta-lhes aguardar que o relógio do tempo os traga de volta pela mão da dor.

Pai Benedito não se entristece se o filho por vezes o dispensa ou não entende suas mensagens. Nem mesmo quando o filho desfaz as energias recebidas após o trabalho de caridade através da busca de prazeres ilusórios e momentâneos. Apenas ajoelha diante do congá, que no plano astral fica sempre iluminado pelas velas da caridade prestada nas poucas horas em que a corrente de médiuns se reúne na terra, e implora ao Pai Oxalá a sua compreensão para todos os espíritos que ainda teimam em permanecer colados às suas mazelas no plano terreno.

Por isso filho, estando aqui em frente a este espírito que tanto o ama e cuja ligação perde-se no tempo, peço que desabafe suas dores, que tire as dúvidas que angustiam seu coração.

Agora o silêncio era todo seu.
Apenas as grossas lágrimas que desciam de sua face falavam de sua pouca fé, de seu descrédito até então, pela própria mediunidade. De seus momentos de incertezas quanto a estar servindo realmente de canal para Pai Benedito, de seus medos em relação ao animismo e da confusão que fazia dele com a mistificação. Mas principalmente de sua vontade de largar tudo pelos prazeres do mundo, afinal era muito jovem ainda para levar uma vida regrada em função da mediunidade.

- Pai Benedito compreende a angústia do filho, mas pede que revise os tantos avisos que recebeu em seus sonhos, nas palestras instrutivas que ouviu lá no terreiro, nos livros que chegaram até suas mãos e nas tantas vezes que a Preta Velha o instruiu, o aconselhou. Onde estão estas informações? Para quem eram dirigidas nossas palavras nos atendimentos, senão para você que as ouvia antes de repassá-las?

Nada é proibido aos filhos no estágio da matéria, mas em tudo deverá existir o equilíbrio.
O silêncio da Preta Velha havia sido traduzido e agora ele conseguia compreender que fora o melhor, dos tantos conselhos que ouvira dela. Fechando seus olhos, a ela agradeceu mentalmente e quando os abriu, além do cheiro de incenso e da claridade que se instalara naquele ambiente, percebeu que tudo modificara.

A humilde tenda agora era um templo iluminado por vitrais coloridos que formavam filetes de luz que se entrecruzavam num quadro de beleza estonteante. No chão, ao centro, em esplendoroso piso vitrificado havia o desenho de uma mandala, que de seu centro irradiava luz dourada.

Já não estava mais diante daquele Pai Velho em humildes trajes, pois ele havia se transfigurado num ser de características orientais, de olhar penetrante.

Nada pode pronunciar, sua voz embargou. Havia que se fazer o silêncio para que só ele traduzisse a mensagem agora recebida. Naquela manhã acordou muito cedo, tendo plena lembrança de seu “sonho”. No ar, ainda o cheiro do incenso. Não fosse a exigência da vida física, ficaria o dia todo calado, saudando o silêncio da Preta Velha.

“Que nos ouça, quem tem ouvidos de ouvir”.

Saravá aos filhos da Terra!
Vovó Maria Rosa da Bahia


Fonte: Casa da Vovó Maria Rosa

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Ensinamentos de Ogum Beira Mar


Ogum Beira Mar 

Trabalha com a médium Andréa Destefani, nos brindou com uma explicação sobre o uso da água.
Segundo ele:

A água da chuva é utilizada em processos de cura que necessitem de fluidez, como o pulmão, o coração e os rins.

A água do poço - que vem de dentro da terra, só para trabalhos espirituais de transformação, ou seja, para espíritos que consolidaram seus problemas por várias encarnações e necessitam de mudanças drásticas.

A água dos rios serve para problemas financeiros que envolvam demandas, e a água do mar para depressões causadas por obsessores.

A água gelada ou congelada só para doenças que se alastrem.

Toda água deve reteornar depois de usada nos rituais para a terra, com excessão da água do mar que deve ser misturada com a água doce para então ser descarregada na terra.


FONTE: PAI FERNANDO M.GUIMARÃES paimaneco.blogspot.com

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Quaresma

A Quaresma é um período em que se relembra o período entra morte e a Ressurreição de Jesus Cristo ( Pai Oxalá).
Durante este período é Apropriado para penitência e meditação, através da prática do jejum, da esmola e da oração.
A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na tarde da Quinta-feira Santa, antes da Celebração da Santa Ceia,quando foi instituída a Eucaristia e o Sacerdócio.
A quaresma é o tempo litúrgico de conversão,
É tempo para nos arrepender de nossos pecados e de mudar algo de nós para sermos melhores e poder viver mais próximos de Cristo.
A Quaresma dura 40 dias; começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos. Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia do domingo, fazemos um esforço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.
40 dias A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. Nesta, é falada dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública.
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material, seguido de zeros significa o tempo de nossa vida na terra, seguido de provações e dificuldades.


Vivendo a Quaresma


Durante este tempo especial de purificação, antes de tudo, a vida de oração, condição indispensável para o encontro com Deus.
Na oração, inicia um diálogo íntimo com o Senhor, deixa que a graça divina penetre em seu coração.
Arrependendo-se de seus pecados
Lutar para se mudar intimamente.
Jejuar.
-Os Jejuns de quaresma entram a Abdicação da Carne na quarta Feira de Cinzas e Todas as Sexta Feiras de sua Duração.


Umbanda e a Quaresma


A Quaresma é Onde Nossos Orixás e Guias de primeira Linha ou
Primeiro Escalão Param Para Avaliação do Ano Espiritual em Termino, è Também onde Traçam o Plano Espiritual para o Ano a Começar.


Antigamente os Terreiros Fechavam no Período de Quaresma,
Fechavam na Gira de Cinzas onde Os Filhos eram Cruzados Pelos Pretos Velhos Com Cinzas Afim de proteção Conta Fluidos Negativos e Maus Espíritos Neste Período.
E Só Reabriria na Sexta Feira Santa , Onde se iniciava a Vigília ,
Traçava-se um Cruzeiro no Chão com Pemba e o Contornava com Velas Brancas , Assim Velando o Cruzeiro e Rezando diversos Terços Até O Estouro de Aleluia.
O Conga era Fechado Com Cortinas Roxas ou Brancas os Santos Cobertos e Tudo Só Era Retirado após o Estouro de Aleluia.
No sábado de Aleluia ao Meio dia Os Pretos Velhos Faziam a Incorporação em seus Médiuns , Estouravam a Aleluia , e Faziam o Levantamento do Cruzeiro Velado
Estava Cumprida a Penitencia de Quaresma e os médiuns já Preparados Para a Ceia de Páscoa.


Obs: Neste Período Fechava-se a Casa Para a Caridade.


Porém Hoje Não Mais Conheço Terreiros que Façam Tal Ritual Por Completo.


Hoje Dentro da Quaresma os Terreiros dão Continuidade
À Caridade, ato Que Particularmente acho muito Bom,
Porem Não se pode Atuar Com:Orixás , Falangeiros , Capangueiros,
Caboclos,Pretos Velhos e Eres.
Más Podemos atuar Com as 2ª Linhas ou Linhas de Segundo Escalão
Como: Boiadeiros , Baianos , Marinheiros e Exus ( este ultimo não Muito Recomendado) Assim dando Continuidade á Caridade,
Porem sem se Esquecer de nos Redimirmos de Nossos Pecados e Falhas.


Obs: Nos Dois Casos Citados Faz-se na noite da Quinta Feira Santa (Quinta Feira Maior) Uma Oferenda aos Exus a Fim de Proteção Para o novo Ano Espiritual.


Texto retirado : http://grupoboiadeirorei.blogspot.com.br/    (*Muito bom, recomendo a leitura)