sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Exú Meia Noite e sua Sabedoria: Umbanda

Esse texto indefere sua nação Umbanda ou Candomblé (culto ao orixá), pois quem acha que um Exú só serve pra fazer Magia Negra “Exú é mau?" e tomar conta do seu devoto a qualquer preço, então leia o texto que é o que você realmente precisa para dar amplitude a sua vida espiritual e progresso a sua vida material.

CONSULTA COM EXÚ E POMBA GIRA DEVERIA SER SEMPRE ASSIM:

Boa noite, vocês estão aqui para ouvir e eu vou agradecer a quem escutar. Quando se vai em algum lugar, se deve levar alguma coisa boa. O que se recebe em qualquer lugar corresponde ao que você leva a ele.

Gosto do trabalho aqui... hehe, só chegam perto de mim santinhos... Ihahahahahaha!
Dizendo para minha banda que nada fizeram para merecer da vida o que tem vivido e que Exu dê jeito de abrir o caminho. Para esses dou a minha melhor gargalhada!

São seres de dupla medida: uma para si outra para as coisas que os contrariam. São seres medrosos que esquecem que deles mesmos depende as decisões e consequências.

Muitos vêm até a minha banda querendo isso ou aquilo e nada de realmente bom e perene nos trazem.
Trazem lamúrias, trazem queixas, trazem pedidos. Mas dificilmente nos trazem aceitação, renovação, dedicação ou gratidão verdadeiras.

Muitos nos oferecem coisas perecíveis e passageiras para que possamos dar jeito de ajeitar suas vidas, camuflar as falhas que cometeram ou para satisfazer caprichos tratando a banda como mercenários a seu serviço. Pensam que o céu é para eles e para Exu só as podridões.

Dizem respeitar a banda porque querem nossos favores. Dizem respeitar a banda apenas porque tem medo do que a banda possa fazer.

Dizem respeitar a banda, mas ao menor embaraço começam a debandar e caçar outros que façam por eles o que eles mesmos não tem a ousadia de fazer. Dizem respeitar a banda e nos tratam como empregados a soldo de marafo e outras coisas. São seres que não sabe bem o que querem e exigem que Exu saiba. Exu sabe e por isso Exu faz! Porque quem sabe faz, e o que não sabe fazer, pede.

Trocamos, sim. Porque são ingratos e petulantes e pensam que o que vale nada, nada vale! São seres que querem por mágica que a banda dê jeito de melhorar suas vidas. Sem que nada tenham que melhorar em si mesmos.

Querem resguardo, pedem guarida para se manter pomposos e orgulhosos nos caminhos tortos que gostam de andar. Cheios de empáfia e sem a menor vontade de fazer algo por alguém. E nem tem vergonha de vir pedir para a banda fazer o que eles mesmos não fazem! São seres que acreditam que podem comparar Exu com umas porcarias que para nós nem tem muito valor. Por serem ovelhas que só querem o sustento de suas vontades. Seguem ao primeiro sanar qualquer necessidade. Achando mesmo que como são assim, Exu também, tem que ser.

Sem nem pestanejar entregam qualquer coisa que a banda quiser desde que consigam o que desejam sem para isso ter que se esforçar. Por isso tem muito rabo de encruza por aí a se fartar. Achando que o céu é perto, nenhum nem o outro quer se consertar.

São seres que dizem Laroiê sem fé e sem razão e Mojubá sem disso ter qualquer convicção. Para esses, meus ganchos são afiados.

Pedem proteção da banda para continuar os desmandos e com isso pensam poder continuar sem rumo ou comando abusando da liberdade que tem. Achando que cobrir um erro com outro vai fazer o acerto. Querem que Exu sempre fortaleça aquilo que não é conquista deles. Batem no chão e no peito dizendo: Eu tenho Exu! Será que nos têm mesmo ou somos nós que os temos?

Então, já que vem visitar minha banda trate de trazer o melhor que tiver. Não é marafo, não é charuto e muito menos sangue de piá! É ao menos a vergonha na cara, de vir para se melhorar. Se vier pedir demanda, demanda vai levar. Não aquela que pedir, mas aquela que eu mandar. Porque se seu coração é negro não sou eu que vou te clarear. Iahahahahahahaaaa!

Ganhei uma nova estrela e um potente cajado e garanto que não foi por ter ocorrido das lutas ou abandonado meu comando.

Então se vem até a minha banda, traga algo que preste, porque posso até facilitar alguns trajetos, mas, não vou desonrar minha jura a quem em mim confiou para manter o equilíbrio da minha banda.

Boa noite que já vou me retirar e no meu reino vou te esperar. Pense bem quando vier aqui me procurar, tenho pressa, ando rápido e posso muitas coisas estar fazendo. Então não gaste meu tempo com bobagens que você mesmo pode resolver.

Ajo rápido, ando longe mas não gosto de falação. Guarda bem o meu conselho. Respeite a si próprio e num vai ter do que reclamar. Se quer o respeito da minha banda, seja você o primeiro a se respeitar.
Salve o Grande! Porque é o Grande que mais pode! Salve a Minha Banda!

Agradeço a quem ouviu e agradeço mais a quem me escutou. Boa noite!

Essas sábias palavras servem para todo o tipo de gente, principalmente aqueles que pensam que Exu não é entidade e sim um amigo que lhe resolve tudo, que lhe dá o homem ou a mulher que deseja. E não é bem assim que as coisas funcionam, Exu é uma entidade que deve e muito ser respeitada. Eles não são nossos amigos de escola ou do trabalho que conversamos como se não fossem entidades. São entidades poderosas que podem virar tua vida de cabeça para baixo através das menores das brisas.

Bem... cada um reflita sobre si e veja se estas palavras não tem razão em muitas coisas!!!

Salve a Vossa Banda
Laroyê Exu,
Exu é Mojubá!!!


Autor: Alberto Ebomi

Quaresma Não devemos parar !



A Umbanda e o Candomblé têm tudo a ver com o período colonial brasileiro, ou seja, com a época que, para a vergonha de todos nós, o poder branco europeu instituiu a escravidão dos negros para a salvação de suas almas. Dizia-se que escravizar era a forma de fazer com que os negros, e consequentemente suas crenças nos Orixás africanos, se tornassem bons cristãos para salvarem suas almas. Com esse pensamento hipócrita e depois de fracassarem nas tentativas escravizar os índios brasileiros, a Igreja Católica Apostólica Romana, atendendo às solicitações do Bispo espanhol Dom Bartolomeu de Las Casas, conseguiu do Papa a autorização para que se importassem da África os negros escravos, alegando que a igreja de Cristo não permitia que se fizesse escravo um homem livre, mas nada tinha a opor que se utilizasse (ou que se comprasse, como se fosse qualquer mercadoria) um homem que já era escravo. Desta forma, contrariando o verdadeiro ensinamento de Cristo, a igreja importou milhões de negros nos quatro séculos que durou a escravidão. Depois o Papa pediu perdão e ficou tudo por isso mesmo …
   Ironias e hipocrisias à parte, as cortes europeias, com o apoio dos padres, durante mais de quatrocentos anos tentaram impor aos negros, mestiços e mesmo aos brancos desafortunados seus valores e sua religião mesmo que, invocando Nosso Senhor Jesus Cristo, mantivesse a riqueza da nobreza europeia à custa da dor, do sofrimento e do sangue destes infelizes africanos. Obrigados a se tornarem cristãos, os negros tinham que renegar suas crenças ao tomarem nomes cristãos e ao cumprirem todo o ritual cristão para não serem punidos pelos senhores brancos.
  Quatrocentos anos de escravidão tornaram o Brasil um país de mestiços. Cinquenta por cento, ou mais, de sua população é de origem africana. Por isso é que, mesmo mantendo por todo esse tempo sua verdadeira crença nos Orixás, foi preciso esconder suas práticas religiosas nos rituais cristãos. Nosso Calendário Litúrgico é cristão, então, São Jorge passou a ser Ogum; Nossa Senhora virou Iemanjá, Oxum e assim por diante, sempre ocultando dos brancos suas verdadeiras crenças pois sabiam que, se um dia conseguissem se libertar, só seriam aceitos de volta em sua terra se mantivessem seu próprio idioma, suas crenças, seus hábitos e costumes. Como parte dessa cultura religiosa IMPOSTA ficou para nós o já elaborado Calendário Cristão e, como ponto alto desse mesmo calendário, está a prática medieval de se observarem os quarenta dias de resguardo da Quaresma que antecedem a Sexta-Feira Santa e a Páscoa.
  A princípio a igreja se mantinha de luto por quarenta dias, começando na Quarta-Feira de Cinzas. Os altares e as capelas menores eram cobertos com panos roxos (Nana?). Toda atividade artística alegre cessava e os Terreiros que funcionavam escondidos, temendo represálias por serem descobertos, cessavam suas atividades. Considerando que as atividades com os chamados Guias de Luz e com os Orixás estão paradas valem-se disso os que trabalham nas sombras, os espíritos dos malignos que aproveitam-se de estarem desprevenidos os homens bons para promoverem o mau.
   A tradição de se fechar os Templos de Umbanda quando não havia liberdade de crença, não tem razão de ser no mundo atual. Muito ao contrário, é nessa época que NÃO DEVEMOS PARAR, é nessa época em que a quimbanda maligna trabalha à vontade, que o Templo deve estar preparado para, com o auxílio das Entidades de Luz, denunciar qualquer trabalho negativo que tenha sido feito para atrapalhar seus Filhos de Fé ou frequentadores. Atualmente, interromper os trabalhos do Templo na Quaresma é descabido, é ingenuidade, é desconhecer que os inimigos trabalham nas trevas e que, se não temos o Preto- Velho, o Caboclo ou qualquer entidade que possa nos avisar do mau feito, estaremos desprotegidos, descobertos, ou seja, nas mãos dos inimigos. É preciso URGENTEMENTE esclarecer que a Quaresma não é Afro, é hebraico-europeia, e que já não é preciso se esconder de ninguém, pois nossa Constituição nos assegura o direito à liberdade de crença e os padres já não podem mais nos queimar nas fogueiras da inquisição.
  Por isso, vamos abrir nossos Templos de Umbanda na Quaresma e cuidar com amor dos nossos Filhos de Fé.

Babalaô Ronaldo Antônio Linares
Federação Umbandista do Grande ABC
Fonte: Jornal de Umbanda Carismática – JUCA – Número 18

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O médium, a entidade e o cambone



por Laura Wolf Miranda

Sempre acreditei que para um trabalho espiritual atingir seus objetivos o médium, a entidade e o cambone precisam estar em sintonia. Que as três energias são importantes e se completam.

Como cambone, sempre fui ao terreiro acreditando que minha missão era muito além do que apenas alcançar os materiais que as entidades pediam. E assim foi por um ano quando eu camboneava o Pai Léo de Oxóssi, quando ele ainda era capitão da gira de segunda-feira.

No dia de gira, desde cedo eu já começava a me preparar e buscar a conexão com a entidade que iria trabalhar a noite. Preparava a bebida, ajeitava a roupa (muito limpa e bem passada), a maleta com os materiais, sempre observando com atenção se não estava faltando nada. Antes de sair de casa tomava o banho com as ervas e aí sim, tudo pronto para mais um trabalho de muita troca e aprendizado.

Numa segunda-feira me preparei para gira, como de costume, e na hora de fechar a porta de casa, “não” sabendo o porquê, voltei e peguei um mamão que estava na fruteira. Na segunda parte da gira preparei tudo como o Caboclo Tupinambá gostava e o recebi para iniciarmos o trabalho. Lá pela terceira consulta, ele olhou para mim e disse: “Agora você pode ir lá pegar aquilo que você trouxe”. Só aí então eu lembrei que tinha um mamão na minha bolsa. Fui até o vestiário, peguei a fruta e fiquei observando o trabalho maravilhoso e cheio de energia que foi realizado para aquele consulente.

Depois que acabaram as consultas, S. Tupinambá vendo que eu estava surpresa, me olhou sorrindo e disse que já estávamos trabalhando para essa consulta muito antes de chegar no terreiro.

Situações semelhantes a essa aconteceram inúmeras vezes. E foi assim, na prática, que aprendi a importância que um cambone, bem preparado e de coração aberto, tem na Umbanda.




Por Laura Wolf Miranda
Fonte : http://www.paimaneco.org.br/jornaltpm/jornal-do-tpm-5o-edicao/o-cambone-e-umbanda